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quinta-feira, maio 06, 2010

Mais sobre internet e política


Texto feito com base no artigo INTERNET E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA EM SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS do pesquisador Wilson Gomes. Disponível no site : http://www.gepicc.ufba.br/enlepicc/pdf/WilsonGomes.pdf
Apresentado como introdução em sala de aula, seguem agora as considerações finais.


Em seu estudo acerca das relações entre a Internet e a participação política, Wilson Gomes afirma que a apatia crescente por parte dos eleitores é resultado das práticas e métodos da política atual. Segundo Gomes os eleitores não têm uma ativa participação política porque se sentem impotentes, uma vez que a democracia instaurada é tão distante da ideal. Isto é, os valores e práticas da democracia contemporânea foram embriagados por uma péssima imagem pública, a começar pelo jogo político de autopromoção e enriquecimento de partidos políticos. Por meio dos acontecimentos que ocorrem na esfera política, a democracia estaria em crise, principalmente no que se refere à condução de assuntos políticos e a sua vinculação à opinião pública. A conseqüência mais próxima e lógica é o desinteresse dos eleitores e a desconfiança perante a política, uma desconexão entre a sociedade civil e política, dentre outros fatores. O que falta é um sentimento de efetividade das ações políticas em relação à sociedade, o que acarreta na falta de conexão entre causa e efeito no que tange às práticas do cidadão. A convicção de que o político vai dar voz ao seu eleitor se esvai na medida em que isso quase nunca acontece. Não existe, portanto, entre os atores, um elo onde exista ao mínimo um feedback.
Seguindo o raciocínio, Gomes apresenta três condições necessárias para a participação política. São elas: cognitiva, cultural e instrumental. A primeira refere-se às informações necessárias para entender o aparelho político, seus instrumentos, processos, dentre outros. A segunda reúne as convicções e representações que podem ser importantes para estimular a participação política. Se um cidadão sente que a sua intervenção acerca de um assunto pode fazer diferença, então ele se sentirá compelido a fazê-la de modo mais constante. Uma imagem adequada do Estado, seus representantes e instituições, compreendidos no domínio público, pode contribuir para que a cultura cívica seja mais predominante. Por fim, as condições instrumentais dizem respeito, principalmente, às oportunidades. Convicções que surgem mediante uma experiência concreta e que conseguem ter êxito nas oportunidades democráticas são, de certa maneira, reforçadas positivamente.
Em uma sociedade cada vez mais individualista, onde as informações são extremamente difusas e mutáveis, a Internet surge como uma mídia de valorização. Nela seu público não age apenas como receptor, ele pode interagir no ciberespaço e fazer parte do pólo produtor e emissor de ideias. As características que propiciam esse ‘avanço da democracia’ na web, não são compartilhadas por outras mídias, que apresentam algumas deficiências. As mais relevantes citadas por Gomes para o exercício da cidadania online são: a quebra dos limites de tempo e espaço, amplo arquivo de informações, conveniência e comodidade ao utilizar o suporte, transparência e abertura no acesso, ausência de um gatekepper (agente de controle), interação retroativa e espaço para as minorias.
Ao final de sua análise, o autor questiona o caráter único da Web e desmistifica a afirmação de que a Internet, sem o auxílio de qualquer outra mídia de massa, seja capaz de abranger a participação política ao ponto de uma democracia ideal. Pois segundo Gomes, os ‘antigos’ meios de comunicação, rádio, mídia impressa e televisão, não são tão desvirtuados quando o assunto é política. Muitos participam ativamente na construção de uma sociedade participativa, onde ocorra interação entre os candidatos e os eleitores. Para alcançar um estado democrático mais ‘puro’ é preciso movimentar todas as mídias, mas como nos diz o autor, essa “já é outra história”. Por último há o alerta de que os recursos sociais (entre eles a Internet) não podem concretizar e nem frustrar promessas de efeitos sociais. Isto porque são os agentes sociais os agentes capazes de fazer promessas ou não. A Internet surge apenas como um meio onde os cidadãos podem retirar o que há de vantajoso para a construção de uma democracia. É um lugar de possibilidades que devem ser manobradas em oportunidades democráticas.

Por Denise Niffinegger e Sara Souza

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